Antes de mais nada, Arábica e Canéfora são consideradas espécies do café (lembrando aqui que café é uma fruta!). Existem outras espécies, mas as duas mais economicamente importantes e comercializadas principalmente no Brasil são essas. Biologicamente elas fazem parte da família Rubiaceae e pertencem ao gênero Coffea. Cada espécie tem sua particularidade, inclusive na forma de cultivo, e dentro dos cafés do tipo Gourmet e Especiais nós majoritariamente ouvimos ou lemos o termo “100% arábica”. Pois bem, que bom que isso está mudando.
Foi no dia 27 de abril deste ano fatídico de 2021, que um lote de café conilon (uma das variedades da espécie Canéfora) recebeu pela primeira vez a certificação da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), onde até então só cafés da espécie arábica detiam de tal título. Esse certificado reflete a qualidade alta do café. O feito foi conquistado pela Fazenda Venturim no Espírito Santo que trabalha há anos com essa espécie, e que em 2018, colheram um lote que obteve 90 pontos pelo método de avaliação da Specialty Coffee Association (SCA) .
O Café Especial Robusta de Rondônia
Também neste ano, em 1º de junho, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu o registro de Denominação de Origem para Matas de Rondônia, que engloba 15 municípios produtores do café canéfora: “a base genética das plantas responsáveis pela produção de 80% do café local é resultante do cruzamento entre as variedades conilon e robusta selecionadas ao longo de anos pelos produtores locais. A consequência desse cruzamento foi um café diferenciado, que passou a ser chamado de robustas amazônicos. O perfil sensorial do café produzido na região inclui a presença dos seguintes descritores: doce, chocolate, amadeirado, frutado, especiaria, raiz e herbal. O café local encontra-se pontuando acima de 80 na metodologia da Specialty Coffee Association (SCA), o que atesta sua qualidade.” (INPI, 2021)
Quanto a sua avaliação, o canéfora especial tem características como maior concentração de cafeína no grão, menor teor de açúcar e maior solubilidade (sendo um café utilizado bastante na linha de cafés solúveis), apresentando uma bebida mais intensa e com menos acidez. Existe até um avaliador de qualidade capacitado para realizar essa degustação e classificar a bebida, o R-Grader, um profissional com certificação mundial do Coffee Quality Institute – CQI. Os atributos que devem ser considerados durante a avaliação são: fragrância/aroma, sabor, salinidade/acidez, amargor/doçura, corpo, equilíbrio, retrogosto, uniformidade, limpeza e nota do conjunto. E cabe ao profissional, encontrar esse equilíbrio perfeito na bebida, entre amargor e doçura principalmente.
Para saber mais sobre cafés especiais e seus sabores
O profissional Q ou R-Grader passa anos treinando e estudando sobre café, mas principalmente provando os sensoriais da Roda de Sabores. Já tivemos um post falando sobre Como é formado o sabor do café e como desenvolver seu paladar, depois que terminar essa leitura, confere lá mais um conteúdo bem legal do nosso blog!
Agora que você já sabe que existe esse mundo de qualidade, selos e certificados no café canéfora especial, que tal provar um robusta ou conilon especiais? Já é possível encontrar torrefações e cafeterias trabalhando com esses cafés! E chega de preconceito porque apesar da complexidade podem surgir cafés canéforas especiais maravilhosos e tão bons quantos os cafés arábicas. De quem já provou ambas espécies e recomenda que você leitor prove também!